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Conferência Internacional

Música e Mobilidade Humana

Michael Fuhr é professor assistente de Etnomusicologia na Universidade de Música, Drama e Media de Hanover. Estudou Etnomusicologia, Filosofia e História da Arte na Universidade de Colónia e obteve grau de Doutor na Universidade de Heidelberg, onde foi premiado com uma bolsa de estudo do Grupo de Excelência "Ásia e Europa: Mudança de Assimetrias num Contexto Global". Em 2009/10 foi professor visitante do Instituto de Estudos da Ásia Oriental da Universidade de Sungkonghoe em Seoul. Foi assistente de pesquisa no projecto europeu Dismarc no Berlin Phonogram-Archive, tendo trabalhado como professor em universidades de Berlim, Colónia, Frankfurt e Göttingen. Michael Fuhr integra a direcção do 8.º Workshop Internacional de Doutoramento em Etnomusicologia conjuntamente com o Prof. Doutor Philip V. Bohlman e com Prof. Doutor Raimund Vogels, que terá lugar no Centro de World Music da Universidade de Hildesheim e na Universidade de Música, Drama e Media de Hanover (21 a 25 Junho 2016). O seu trabalho de investigação desenvolve-se no âmbito dos campos da identidade, migração, globalização, popular music (coreana), Estética, Teoria Cultural e História da Etnomusicologia. Entre as suas publicações destacam-se: Popular Music and Aesthetics: The Historic-philosophical Reconstruction of Disdain, Bielefeld: tradução alemã (2007); Globalization and Popular Music in South Korea: Sounding Out K-Pop. New York/London: Routledge (2015); e Asian Pop Music In Cosmopolitan Europe: K-Pop Fandom in the Age of Globalisation (em  co-autoria com Haekyung Um e Sang-Yeon Sung). London / New York: Routledge (no prelo).

 

 

Fronteiras, que se passa com isso?

Encontros musicais e Mobilidade Transnacional na K-Pop

 

A questão da música e identidade está no centro dos estudos etnomusicoló-gicos sobre a globalização. Nesta conjuntura, os migrantes desempenham um papel significativo na negociação de processos de encontro e intercâmbio musical, assim como na formação de novos géneros musicais. Muitas vezes assumem uma posição chave enquanto "agentes culturais", agindo no melhor dos casos, como símbolos de integração social de sucesso (por exemplo, como ‘minorias-modelo') e, ao mesmo tempo, expressando as fronteiras mutáveis de discursos acerca de nacionalidade e etnicidade. No âmbito da música pop contemporânea de ídolo sul-coreana, também conhecida como K-Pop, a segunda e terceira geração de coreanos no exterior tem regressado progressivamente ao seu "país de origem" desde o início dos anos de 1990 para trabalhar na indústria da música. Devido a estratégias de localização na recente produção da música K-pop e da crescente onda de fãs da K-Pop em todo o mundo, cada vez mais estrangeiros têm entrado no sistema de estrelato doméstico. Ao capitalizar o seu estatuto específico como agentes culturais, os ídolos imigrantes da K-Pop desfrutam de estrelato transnacional e são parte integrante das atividades de "globalização" da indústria. Mas eles podem também facilmente sucumbir perante inclinações de alteridade desencadeadas através do sistema de produção de estrelato específico da K-Pop ou pelo patriotismo hiperbólico do público. Esta comunicação destaca as intersecções produtivas entre os estudos da música e as teorias da globalização, e lança luz sobre envolvimentos múltiplos do estrelato K-pop, mobilidade transnacional, políticas de identidade, nacionalismo e consumo transnacional. Estes serão ilustrados com exemplos extraídos de pesquisa de campo recente na Coreia do Sul e na Alemanha.

 

 

 

Keynote Speakers

John Baily

8 de Junho Música no Afganistão e a diáspora Afgã, 1978–2016

John Baily ingressou na Etnomusicologia vindo da Psicologia Experimental, com um doutoramento em coordenação espacial humana e controlo motor pela Universidade de Sussex.  Em 1973 tornou-se investigador bolseiro de doutoramento no Departamento de Antropologia Social da Queen’s University de Belfast, e em colaboração com John Blacking realizou dois anos de trabalho de campo etnomusicológico no Afeganistão. Em 1978 foi nomeado Leitor em Etnomusicologia na Queen's. Entre 1984 e 1986 desenvolveu competências em realização de filmes antropológicos na National Film and Television School, e realizou o filme premiado Amir: An Afghan refugee musician's life in Peshawar, Pakistan. Entre 1988 e 1990 foi Professor Associate do Centre for Ethnomusicology, na Columbia University, em Nova Iorque. Ingressou na Goldsmiths em 1990, e é agora Professor Jubilado de  Etnomusicologia e Director da Afghanistan Music Unit. John Baily é reconhecido como uma autoridade mundial na música do Afeganistão e na música da diáspora afegã. As suas publicações incluem Music of Afghanistan: Musicians in the City of Herat (1988); “Can you stop the birds singing?”: The Censorship of Music in Afghanistan (2003); Songs from Kabul: The Spiritual Music of Ustad Amir Mohammad (2011); e ainda vários filmes etnográficos aclamados e inúmeros artigos e capítulos em periódicos e livros académicos.

 

 

 

Heung-wah Wong é diretor do programa Global Creative Industries da School of Modern Languages and Cultures, da Universidade de Hong Kong. Detém uma licenciatura da Universidade Chinesa de Hong Kong e um doutoramento da Universidade de Oxford. É membro do conselho consultivo do Japan Anthropological Workshop, vice-presidente da Hong Kong Association of Asian Studies, membro do conselho diretor da Japan China Sociological Society, no Japão, editor geral associado do Chinese Journal of Applied Anthropology, membro do conselho editorial do Journal of Business Anthropology, editor da série Global Connections, da SMLC Book Series da Hong Kong University Press, editor da série da Routledge, Culture, Society and Business in East Asia, editor da série da East Asian Civilizations da Universidade de Pequim, editor da série Bridge 21 Creative Industries in East Asia (Hong Kong, Mainland China, Taiwan, Korea, and Japan). Heung-wah Wong é professor convidado da Universidade de Zhejiang Gongshang, da Guangdong University of Foreign Studies e da Beijing University of Foreign Studies. É também professor da School of Ethnology and Sociology, da Guizhou University for Nationalities e do Center for Japanese Studies, da Fudan University. Desenvolve ainda atividade de investigação no Institute for Cultural Industries, da Universidade de Pequim. É autor dos livros Japanese Bosses, Chinese Workers: Power and Control in a Hong Kong Megastore (Curzon Press, 1999), e Friendship and Self-Interest: An Anthropological Study of a Japanese Supermarket in Hong Kong (Fukyosha, 2004, in Japanese), é co-autor, com Hoi-yan Yau, de Japanese Adult Video in Taiwan (Routledge, 2014) e editor, com Keiji Maegawa, de Revisiting Colonial and Postcolonial Anthropological Studies of the Cultural Interface (Bridge 21, 2014). Atualmente trabalha num manuscrito sobre Popular music in Hong Kong (Bridge 21, no prelo).

 

 

Estudando a Migração Transcultural de Bens como um Evento Histórico:

A Propagação da Música Popular Japonesa para Hong Kong e para a China (1980 e 1990)

 

No seu artigo "Some Observations on the Study of the History of Cultural Inter-actions in East Asia", o professor Chun-Chieh Huang (2010) fez várias observações relacionadas acerca de um novo campo de estudo histórico: a história regional. Para simplificar bastante, a primeira observação foi a incorporação do estudo das interações culturais na Ásia Oriental no campo da história regional e da história global. Isto obriga-nos a fazer várias mudanças metodológicas de atenção académica, nas próprias palavras de Huang, "de uma perspectiva estrutural para uma de desenvolvimento", “do centro para a periferia", e "dos textos para os ambientes políticos" (Huang 2010: 18- 20), contra os quais emergiram dois temas de investigação gerais: as interações de si e do outro, e aquelas entre o intercâmbio cultural e a estrutura de poder na Ásia Oriental (Huang 2010: 24-27). Estes dois temas de pesquisa, como Huang observou, podem ser analisados através do estudo do intercâmbio de pessoas, bens e ideias (Huang 2010: 27-30). Inspirado por observações de Huang, esta comunicação pretende examinar as interações culturais entre o Japão e Hong Kong em termos de migração transcultural de mercadorias, através do estudo da propagação da música popular japonesa para Hong Kong e para a China Continental em 1980 e 1990, enquanto evento histórico. A principal suposição deste estudo é que a Ásia Oriental não pode mais ser vista como uma área geográfica na qual existem apenas histórias nacionais; mas uma região onde processos históricos transculturais e transnacionais se desdobram. Esta forma de conceptualizar a Ásia Oriental requer novos enquadramentos metodológicos e teóricos que possam apreender tais processos históricos. A “teoria do evento” de Sahlins (2000) propondo mediações recíprocas entre bens estrangeiros e ordem sociocultural das sociedades locais, é definitivamente uma candidata possível, como esta comunicação mostrará.

 

Referências:

Huang, Chun-Chieh 2010 "Some Observations on the Study of the History of Cultural Interactions in East Asia". Journal of Cultural Interaction in East Asia, 1: 11-36.

Sahlins, Marshall 2000 "Return of the Event Again". In Marshall Sahlins Culture in Practice: Selection Essays, New York: Zone Book, 293-352.

Heung-wah Wong

9 de Junho - Estudando a Migração Transcultural de Bens como um Evento Histórico:            A Propagação da Música Popular Japonesa para Hong Kong e para a China (1980 e 1990)

Michael Fuhr

7 de JunhoFronteiras, que se passa com isso?

                     Encontros Musicais e Mobilidade Transnacional na K-Pop

Key Animators

K. M. Mostafa Anwar Swapan é cantor, compositor, poeta, diretor musical, ator, trabalhador teatral e analista científico. É ainda estudante maduro, pros-seguindo presentemente os estudos de mestrado na NOVA Information Management School, da Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. É original do Bangladesh, nascido a 02 de Dezembro de 1967. Desde a sua mais tenra infância que prossegue numerosos treinos e práticas, tendo-se apresentado em palco em mais do que 1000 noites. Por mais de trinta e cinco anos, Mostafa tem percorrido caminhos musicais em línguas tão díspares quanto urdu, persa, português e francês para além da sua língua materna bangla. Recentemente, com grande esforço e devoção assinalável tem composto, especificamente introduzido uma nova versão de música, em português e francês independente-mente. A convite do governo do Egito tem tocado regularmente a sua música espiritual no International Samaa Festival for Spiritual Music & Chanting realizado anualmente no Cairo e noutras cidades do mundo. Inspirado pelo velho sistema milenar baseado nos tradicionais ragas clássicos indianos, Mostafa tem composto-tocado uma variedade musical sufi clássica e semi-clássica, nomeadamente kaawaali espiritual, gazal, thumri, khayal, devocional, popular, patriótica, música para movimentos populares, moderna e muitas mais.

 

 

Workshop

Os participantes experimentam e partilham processos musicais e emoções. As almas não têm cor, raça, sexo ou identidade sócio-político-religiosa. “… Por certo somos de Deus e por certo a ele retornaremos” (Nobre Corão Cap. 2 Vs. 2, 156). As almas experimentam todas as emoções enquanto residem nos nossos corpos mortais: amor, devoção, separação, saudade, união, dor, alegria! A jornada terrena termina enfim em uníssono com A Origem, O Mais Amado, para atingir a paz eterna. Durante a sessão musical propõe-se a ligação entre as almas para além dos limites da linguagem ou das fronteiras sócio culturais. Espera-se que gradualmente as emoções se aproximem de uma elevação de fruição de vontade profunda de encontrar O Mais Amado.

 

 

Veronica Doubleday é investigadora colaboradora da Unidade de Música Afgã da Goldsmiths, University of London, e vocalista londrina acompanhando o seu canto com o daireh, o pandeiro tradicionalmente usado pelas mulheres no Afganistão. Verónica tem um conhecimento profundo da prática musical das mulheres na cidade Afgã de Herat. Os textos que canta, em língua persa, versam temas de amor, devoção espiritual, humor e protesto. Na década de 1970, Veronica Doubleday desenvolveu investigação sobre as vidas, as crenças, as amizades e as atividades das mulheres na cidade de Herat enquanto aí vivia na companhia de John Baily, seu marido. Nesta experiência de estudo aprenderam ambos a tocar música afegã como técnica de investigação etnomusicológica. Desde então têm dado concertos e feito apresentações académicas por todo o mundo. Veronica é autora da narrativa etnográfica Three Women of Herat (1988), do livro I Cried on the Mountain Top (2010), com traduções suas de poesia popular em língua tradicional persa, e de artigos e capítulos em periódicos e livros académicos.

 

 

Workshop

Verónica ensinará os princípios do seu estilo percussivo no tamburim, mostrando vários toques e ritmos. Estes serão incorporados na performação de uma ou duas canções. As canções sugeridas incluem: Asphar awordim, Bibi Gol Afruz e Wa wa Leili.

 

Veronica Doubleday

8 de Junho - Canto e toque tradicional do tamborim de mulheres do Afganistão

Katia Leonardo nasceu em Angola. Estudou canto lírico e jazz com Ana Leonor Pereira e Elena Nentwig; jazz e improvisação vocal com Maria João, Fay Claassen, Jason Linder e Gary Versace; e jazz livre com Herb Robertson. Depois da licenciatura na ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo) no Porto, viajou para os EUA onde estudou Música Indiana com Roop Verma (NY) e técnicas de improvisação vocal com Bobby McFerrin (São Francisco, Hawaii e Montreal). Como cantora e compositora, tem participado em vários projectos artísticos sinergéticos, participando em concertos e workshops no Canada, nos EUA, e na Europe. Atualmente conclui dois projetos baseados em composições suas. 

 

José Dias é guitarrista, compositor e investigador. Nasceu em Lisboa e faz parte da nova geração do jazz contemporâneo em Portugal. Tem trabalhado com inúmeros músicos de jazz, pop e world music, e toca principalmente com o seu quartet e o seu trio. Em 2013 lançou dois álbuns: 360 e Magenta (Sintoma Records). Em 2015 gravou o seu terceiro álbum em Edimburgo: What Could Have Been (Sintoma Records). Como compositor, tem produzido música para várias peças de teatro, dança contemporânea e filmes de animação. A sua música inspira-se nas artes visuais e na literature. Os seus projetos afastam-se da linguagem tradicional do jazz, explorando diálogos entre vários universos sonorous contemporaneous, onde a experimentação se assume como element central. José Dias é investigador no Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde desenvolve trabalho no âmbito da educação do jazz em Portugal e nas redes de jazz europeias. Concluiu recentemente o doutoramento sob orientação de João Soeiro de Carvalho na FCSH/NOVA explorando relacionamentos entre práticas de jazz, identidade cultural e políticas culturais na Europa. Tem integrado a delegação do 12 Points Jazz Festival, apresentado comunicações em conferências internacionais, e publicado artigos em periódicos científicos internacionais.

 

Kátia Leonardo & José Dias

9 de Junho - Jazz, voz e expressão corporal

K. M. Mostafa Anwar Swapan

7 de Junho - Canto sufi clássico e semi-clássico acompanhado

Redefinindo Comunidade em Contexto Intercultural

FCSH | NOVA

7 a 9 de Junho de 2016

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